A Academia Sueca atribui, por vezes, prémios Nobel a investigadores que fizeram descobertas tão específicas que acabam por ser de difícil compreensão para o público, apesar do seu impacto na sociedade. Mas nos galardões de 2019 anunciados esta semana aconteceu o contrário, a começar pelo Nobel da Química, atribuído a três cientistas pela invenção das baterias de iões de lítio: o japonês Akira Yoshino, o britânico Stanley Whittingham e o americano John Goodenough.
Toda a gente as conhece, porque fornecem energia aos dispositivos
de eletrónica portátil que usamos diariamente para comunicar, trabalhar, estudar, ouvir música ou procurar conhecimento, como telemóveis, tablets ou laptops. E permitiram o desenvolvimento de carros elétricos com uma autonomia que se está a aproximar dos carros convencionais, bem como armazenar energia de fontes renováveis. A primeira bateria de iões de lítio foi lançada no mercado em 1991, há 28 anos. Por que levou a Academia Sueca tanto tempo a atribuir o Nobel da Química aos seus inventores? Porque não é tanto a invenção que é distinguida, mas mais o seu impacto económico e social. E este processo é obviamente demorado. A idade dos premiados diz tudo: Yoshino tem 71 anos, Whittingham, 78, e Goodenough, uns incríveis 97, porque continua a investigar na Universidade do Texas, em Austin. E o trabalho de cada um deles corresponde a uma etapa decisiva de desenvolvimento da bateria para chegar ao mercado (ver caixa).