Primeiro voo de uma equipa portuguesa no foguetão MASER

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2022-12-20
Primeiro voo de uma equipa portuguesa no foguetão MASER
Primeiro voo de uma equipa portuguesa no foguetão MASER

Um projeto multidisciplinar liderado por uma investigadora do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) levou até ao espaço um conjunto de biossensores que têm como missão avaliar a saúde dos astronautas e turistas espaciais.

Lab-on-paper, financiado pela European Low Gravity Research Association (ELGRA), resulta de uma colaboração que envolve múltiplos cientistas da Universidade de Coimbra, do Instituto Superior de Engenharia do Porto e da Universidade Nova de Lisboa, provenientes de vários grupos/centros de investigação: BioMark@ISEP / BioMark@UC (do Centro de Engenharia Biológica; Akmaral Suleimenova, Goreti Sales, Manuela Frasco e Rita Cardoso), o CENIMAT (do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação; Afonso Sampaio, Ana Carolina Marques, Elvira Fortunato, Guilherme Ribeiro e Rui Igreja), o CISUC Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (João Gabriel Silva) e o Laboratório de Sistemas Autónomos (André Dias), além de João Pedro Coutinho, aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Este projeto representa o primeiro voo de uma equipa portuguesa no foguetão MASER e abre portas à possibilidade de análise de alguns parâmetros com interesse para a saúde no espaço. “Esta experiência inédita pretende avaliar o funcionamento de sensores semelhantes às tiras de urina no espaço, onde a gravidade é quase nula”, explica a líder do projeto, acrescentando que recorreram a sensores de açúcar (glucose) ou de antibióticos (tetraciclina), com base em a tecnologias já desenvolvidas pela equipa, em 2014 e 2015.

O lançamento, que aconteceu esta quarta-feira, 23 de novembro, foi acompanhado pela líder do projeto, Akmaral Suleimenova, e João Gabriel Silva, Professor Catedrático de Engenharia Informática da FCTUC, no sentido de assegurar em Terra a operacionalidade dos biossensores, da estrutura mecânica desenvolvida para este efeito e da comunicação entre o foguetão e a experiência, encerrados numa caixa própria para esta viagem única. Esta caixa passou aliás por múltiplos testes nestes últimos meses, um deles levando Akmaral Suleimenova, Guilherme Ribeiro (Universidade Nova da Lisboa) e João Pedro Coutinho (Instituto Superior de Engenharia do Porto) à Suécia, um mês antes desta partida.

A experiência foi bem-sucedida do ponto de vista da comunicação com o foguetão e de gravação de imagem prevista, mas nem todos os resultados esperados foram conseguidos. Vai agora seguir-se uma fase de análise detalhada de todos os dados recolhidos. Num segundo lançamento espera-se conseguir recolher não só os dados que não foram agora obtidos, como alargar o âmbito científico da experiência.

“Como no espaço não há hospitais, são necessárias formas simples de analisar o estado de saúde dos astronautas ou dos turistas espaciais. A recolha de uma amostra de sangue é muito difícil, pois a ausência de gravidade dificulta a transferência de líquidos. Perante esta situação, os testes rápidos para saliva ou urina, que mudam de cor, são os mais adequados, uma vez que basta um pouco urina/saliva para se obter um resultado visível a olho nu. Até à data nunca foi testada a possibilidade de usar estes sensores no espaço”, revela o consórcio, considerando que a equipa está a caminho de conseguir este feito, detendo o consórcio nesta fase um conhecimento privilegiado para concluir no futuro este caminho com sucesso.

O foguetão MASER, onde viajaram os biossensores, foi construído pela Agência Espacial Sueca e testado em lançamentos anteriores. Esta missão MASER-15 corresponde ao terceiro voo da série Suborbital Express, que inclui várias experiências de naturezas muito diversas no mesmo voo, uma delas o Lab-on-paper.

Com 12,6 metros de altura, este foguetão consegue transportar 300 Kg até cerca de 260 Km de altitude (a atmosfera terrestre estende-se apenas até 100 km de altitude).

Esta altitude é fundamental para que a qualidade da microgravidade a que ficam sujeitas as experiências seja elevada, uma conquista deste foguetão em relação a um modelo anterior.

O foguetão foi lançado no centro espacial de Esrange, no norte da Suécia, acima do círculo polar ártico, especializado em voos suborbitais. Este é o maior centro europeu de lançamento civil de foguetões, onde a temperatura exterior oscila nesta altura do ano entre os 10 e os 20 graus negativos.

#portugalpositivo

Texto de: Bom Dia Alemanha